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200 anos de nascimento de Karl Marx

200 anos de nascimento de Karl Marx

Conteúdo postado em 26/09/2018

Olá, amigas e amigos CACDistas!

 

Embora estejamos em setembro de 2018, ainda é tempo de celebrarmos o nascimento de um dos maiores pensadores da história contemporânea. Suas obras funcionaram como uma espécie de revolução cultural. Importante, pois, lembrarmos o nascimento de Karl Marx e sua existência enquanto um fato histórico que contribuiu sobremaneira para o entendimento filosófico e científico do capitalismo e consequente para a compreensão do socialismo como elemento de transição ao comunismo.

 

Tudo isso, muito nos interessa enquanto aspirantes à carreira diplomática, pois as contribuições de Marx influenciaram diversos campos do saber com os quais inclusive temos de dominar, tais como: economia, política, história, geografia, direito, literatura etc.

 

No dia 5 de maio de 1818 na cidade de Trevis, na Alemanha, há duzentos anos atrás, nascia Karl Heinrich Marx. Acredito não haja qualquer dúvida para quem trabalha ou estuda no campo das ciências humanas que Marx não apenas foi um dos maiores filósofos de todos os tempos, mas também um dos principais analistas da sociedade industrial do século XIX. Fundador do comunismo científico, artífice da tática e da estratégia revolucionária do proletariado.


Naturalmente, uma figura controversa para quem o detesta ou, talvez, para quem não compreenda sua obra. Há muita desinformação por aí e sabemos como nossa formação escolar por melhor que tenha sido, no que tange ao ensino de história, é rasa e pouco fiel à historiografia.


Se o ano de 2018 marca o bicentenário de nascimento de Marx, também marca cento e setenta anos de publicação do Manifesto Comunista, escrito em coautoria com seu amigo Friedrich Engels. Nem todos os ensinamentos de Marx eram completamente originais. Devia algumas de suas ideias a Hegel, outras a Louis Blanc e provavelmente outras ainda a David Ricardo.

 

Marx viveu de 1848 até 1883 (data de sua morte) em Londres, lutando contra a pobreza, escrevendo de quando em quando artigos para a imprensa, mas passando boa parte do seu tempo estudando, da manhã à noite, empoeirados manuscritos da Biblioteca do Museu Britânico a fim de colher material para sua grande obra de economia política que viria ser lançada em 1867 com o título de O Capital.

 

Voltemos, todavia, ao ano de 1848 quando Marx e Engels publicaram o Manifesto do Partido Comunista. A Europa passava por uma onda revolucionária que rapidamente se espalhou para grande parte do continente, centralizada em Paris, mas não voltaria a se repetir. Aquelas revoluções não foram homogêneas, mas uma das características que tinham em comum é que eram revoluções de proletários.


O Manifesto Comunista expressa as tensões daquele momento e convoca os trabalhadores a uma reflexão profunda e à tomada de uma consciência revolucionária e à urgência da construção de uma ordem social mais justa. É um panfleto político que se tornou um clássico. Quiçá o panfleto que mais impactou e ainda continua a impactar o mundo! O mais impressionante foi a rapidez de seu impacto global à época.


Depois de 1848, mudanças importantes aconteceram no continente, concessões graduais foram feitas aos trabalhadores pobres e a perspectiva de uma revolução era real.


Mas se a derrubada da ordem burguesa não aconteceu como os autores do Manifesto esperavam em 1848, sua influência foi muito além na segunda metade do século. Podemos destacar aqui a criação do Partido Social-Democrata Alemão e a Associação Internacional dos Trabalhadores - duas organizações e exerceram papel determinante em conquistas sociais dos trabalhadores no século XX.


Embora Marx nunca tenha se tornado um gradualista no que diz respeito ao processo de passagem do capitalismo ao socialismo, a social-democracia da atualidade foi diretamente influenciada por seu pensamento e, a longo prazo, se tornou uma das forças políticas mais atuantes contra as tendências predatórias do capitalismo industrial.
Interessante que muito além de seu pensamento revolucionário, seus estudos científicos, sobretudo, relacionados às teorias econômicas sobre o estudo da mercadoria e da industrialização se tornaram marcos importantes na compreensão do mundo contemporâneo e com influências profundas nas ciências sociais que nascia incipiente quando do lançamento de O Capital em 1867.


Nessa obra secular e mais famoso estudo, Marx retoma o pensamento econômico desde o final do século XVIII para compreender como se forma o capitalismo. Pensa na produção de mercadoria como estrutura desse sistema e analisa historicamente como seus processos de produção mudaram. Para o filósofo, as crises inerentes ao capitalismo gerariam seu próprio fim. Após, então, a sua derrocada, o comunismo seria a evolução esperada dos processos históricos.


Algumas das temáticas mobilizadas por Marx, que marcaram inovação na análise econômica da época, são o empobrecimento das classes operárias, os subproletários à margem do consumo, as crises cíclicas, as deficiências do lucro, a exploração da força de trabalho, o fetichismo da mercadoria e o papel da ideologia na formação do capital.

 

Se destacou também pela inovação a partir de seu apelo à linguagem literária. Escrevendo sob a influência do romantismo, autores como Shakespeare, Goethe, Dante, Ésquilo e Balzac permeiam suas páginas de economia e política.

Há, de fato, muito o que celebrar nesse bicentenário do nascimento de Marx. Os alemães sabem disso. Uma estátua do filósofo foi inaugurada em sua cidade natal, Trier, nesta data, sem culto à personalidade e com importantes contextualizações feitas por políticos locais.


Críticas qualificadas a Marx foram feitas no século passado por importantes intérpretes de seu pensamento. Em homenagem ao princípio da honestidade intelectual (risos) e sob pena de incorrer em anacronismo (alô Claudia e Ivo), é preciso entender que não cabe relacionar Marx aos genocídios do russo Stalin, do chinês Mao ou do cambojano Pol Pot.
Crítico ferrenho do Estado, Marx jamais poderia subscrever algo como o culto à personalidade e as brutais perseguições políticas que em seu nome engendraram massacres por toda parte.


Depois que a Comuna de Paris é derrotada em maio de 1871, por meio de outro massacre de trabalhadores pobres, ele publica um breve ensaio intitulado A Guerra Civil na França, e conclui com uma ácida crítica ao Estado, onde enfrenta a questão do aparato de opressão e reflete sobre a esperança de que uma geração um dia poderia se desfazer dele como “lixo”. Se as críticas ao Estado feitas por Marx estão datadas para nós, hoje, não deixa de ser pertinente destacar que elas nos ajudam a entender o quanto ele estava distante do que viriam a ser os totalitarismos socialistas do século seguinte.

 

Acima de tudo, sem dúvida Marx permanece para a posteridade como um dos gigantes do pensamento contemporâneo, cuja obra se faz referência obrigatória, mas que precisa ser compreendida no seu tempo. Aviso aos navegantes! Não levem isso para sua mesa de bar nesse momento, salvo se os ocupantes da taberna forem ilustrados o bastante quanto aos preceitos de Voltaire sobre a liberdade de expressão…


Gostaria, por fim, de listar a vocês os elementos da teoria marxista, mas que fugiria do escopo de nossa coluna sobre fatos históricos se fossemos enfretar cada tópico. Bem de qualquer forma, já os auxiliará na revisão dos principais pontos:

 

  • Interpretação econômica da história;
  • Materialismo dialético;
  • Luta de classes;
  • Doutrina da mais-valia 
  • Teoria da evolução socialista.


Espero que tenham gostado!

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