CACD
3 maneiras de lidar com temas surpresa no CACD.
Conteúdo postado em 09/12/2024
Temas surpresas no CACD são uma certeza a cada ano de prova!
A preparação para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD) exige não apenas domínio dos conteúdos, mas também uma habilidade estratégica para lidar com o inesperado.
Sim, a cada ano, o certame apresenta questões que surpreendem até os candidatos mais experientes. Mas, com as técnicas certas, você pode transformar essas surpresas em oportunidades de demonstrar versatilidade e preparo.
Neste artigo, exploraremos três maneiras práticas de lidar com temas surpresa no CACD, considerando tanto a primeira fase quanto as discursivas da segunda fase. Além disso, traremos exemplos reais de questões que desafiaram os candidatos em anos anteriores.
1. Desenvolva a sensibilidade para questões surpresa na primeira fase
A primeira fase do CACD, composta por questões objetivas, costuma ser palco de temas inesperados. É fundamental desenvolver a sensibilidade para identificar questões com "cara de certa" e "cara de errada". Essa habilidade pode ser aprimorada com a prática de resolver muitas provas anteriores e revisar detalhadamente seus acertos e erros.
Como identificar padrões em questões surpresa
1. Faça muitas provas anteriores:
Resolver provas antigas ajuda a entender o estilo da banca e a identificar temas recorrentes, o que também auxilia na interpretação de perguntas aparentemente desconexas.
2. Marque as questões que você não sabe nada:
Durante os simulados ou provas anteriores, destaque as questões que parecem completamente fora do seu radar. Elas servem como indicador para avaliar sua capacidade de responder a temas inéditos.
3. Analise sua propensão ao chute:
Ao conferir o gabarito, observe se as respostas que você marcou sem total confiança foram corretas. Isso revela se sua "intuição educada" está funcionando. Com o tempo, esse exercício melhora sua habilidade de deduzir respostas com base no contexto das questões.
4. Atenção ao autoconhecimento:
Saber como você reage a temas desconhecidos é tão importante quanto dominar o conteúdo. Identifique padrões: suas escolhas intuitivas são, em geral, assertivas?
Essa prática constante aprimora sua sensibilidade para temas surpresa, permitindo que você lide melhor com o inesperado no dia da prova.
2. Estruture respostas para temas surpresa na segunda fase
Na segunda fase, de questões discursivas, o desafio de lidar com temas surpresa é ainda maior. Aqui, a organização é sua maior aliada.
Como abordar questões inesperadas na terceira fase?
1. Faça um brainstorm inicial:
Antes de começar a responder, dedique alguns minutos para listar tudo o que você sabe sobre o tema. Mesmo que pareça pouco, essas ideias podem servir como ponto de partida.
2. Identifique temas possíveis dentro da questão:
Às vezes, uma questão ampla permite abordar subtemas familiares. Por exemplo, uma pergunta sobre "desafios globais do século XXI" pode incluir tópicos como mudanças climáticas, relações internacionais e novas tecnologias.
3. Confie no que você já sabe:
Você provavelmente sabe mais do que imagina. Use exemplos históricos, dados econômicos ou conceitos teóricos que possam se conectar ao tema. A banca valoriza candidatos que demonstram capacidade de análise e pensamento crítico.
4. Estruture bem a resposta:
Divida sua redação em introdução, desenvolvimento e conclusão. Uma boa estruturação é essencial para transmitir clareza e organização, mesmo em temas menos familiares.
Exemplos de questões surpresa na segunda fase do CACD
2023: Política Internacional: neste ano, podemos citar a questão sobre o Círculo Polar Ártico e a que abordou segurança cibernética como duas surpresas (na mesma prova!).
Sobre o Círculo Polar Ártico, este é um tema que, à primeira vista, parece menos óbvio para os candidatos. Historicamente, os estudos sobre regiões polares no CACD tendem a enfatizar a Antártica, que está diretamente conectada à atuação diplomática brasileira, especialmente devido ao Tratado da Antártica. No entanto, o Ártico apareceu como objeto de análise em uma questão que exigia nada menos que 90 linhas de desenvolvimento.
Para abordar esse tema com eficácia, muitos candidatos poderiam ter recorrido à geopolítica clássica. Nomes como Halford Mackinder e sua teoria do Heartland ou Nicholas Spykman, com a concepção do Rimland, oferecem marcos teóricos relevantes para discutir a importância estratégica do Ártico. Além disso, a questão envolvia a análise de disputas contemporâneas pela região, incluindo a exploração de recursos naturais, mudanças climáticas e interesses de potências como Rússia, Estados Unidos e China.
Uma abordagem bem-sucedida poderia ter sido estruturada em três partes:
Contexto geopolítico do Ártico, ressaltando sua crescente relevância estratégica devido ao derretimento das calotas polares e à abertura de novas rotas marítimas.
Disputas internacionais, destacando o papel de atores estatais e organizações regionais, como o Conselho do Ártico.
Conexões teóricas, utilizando conceitos como a projeção de poder marítimo e terrestre para reforçar a análise.
Outra questão surpresa abordou a segurança cibernética, um tema contemporâneo, mas raramente explorado em provas discursivas. Dividida em subtópicos, a questão desafiou os candidatos a discorrer sobre:
A posição brasileira em relação à governança global da internet.
As ações diplomáticas do Brasil no âmbito da Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber).
O primeiro subtópico era relativamente acessível para os candidatos familiarizados com a postura do Brasil em fóruns multilaterais, como a ONU, onde o país historicamente defende uma internet livre, democrática e acessível. Mencionando o papel do Brasil no Fórum de Governança da Internet e na construção de princípios como o Marco Civil da Internet, muitos candidatos poderiam elaborar uma análise sólida.
Já o segundo subtópico exigiu maior profundidade. As ações brasileiras na E-Ciber envolvem iniciativas voltadas à proteção de infraestruturas críticas, combate a crimes cibernéticos e colaboração internacional para a construção de uma governança cibernética robusta. Essa parte da questão demandava conhecimentos específicos, que poderiam ter sido enriquecidos com exemplos práticos, como as parcerias entre o Brasil e outros países em cibersegurança ou a participação em conferências internacionais.
Não tinha o conhecimento necessário e específico da E-ciber? Era o momento de não desesperar, atender ao comando da questão para garantir ao menos metade e, com uma boa estrutura e argumentação, conseguir atingir perifericamente a segunda parte da questão e garantir alguns pontinhos a mais. Tem que ser pragmático!
3. Dicas para treinar com temas surpresa
Simulados direcionados: inclua questões amplas ou inesperadas nos seus simulados. Treinar com perguntas fora do convencional é uma ótima forma de se preparar para o inesperado.
Estudo colaborativo: participe de grupos de estudo para debater temas complexos. Discussões em grupo ajudam a ampliar a visão sobre temas globais e a identificar diferentes abordagens.
Acompanhe atualidades: leitura de jornais e revistas especializadas, como *The Economist* ou *Foreign Affairs*, pode ajudar a identificar tendências e temas emergentes que podem aparecer nas provas.
Lidar com temas surpresa no CACD é um desafio. Desenvolver sensibilidade para identificar padrões na primeira fase, conectar conteúdos amplos e organizar respostas bem estruturadas na segunda fase são estratégias essenciais para enfrentar o inesperado.
Lembre-se: o sucesso no CACD não depende apenas de conhecimento, mas também de estratégia e autoconfiança. A prática constante, aliada a uma visão crítica e interdisciplinar, é o que diferencia os candidatos aprovados.
Prepare-se com foco e estude estrategicamente.
E lembre-se: se foi inesperado para você, a maioria dos candidatos está enfrentando a mesmíssima surpresa e dificuldade. Mantenha a calma e coloque em prática o que trouxemos aqui.
Vem pro Sapi!