Atualidades
A crise entre Ucrânia e Rússia se agrava
Conteúdo postado em 29/11/2018
Olá, futuras e futuros diplomatas!
Para a coluna de atualidades de hoje, vamos te levar para a Europa Oriental. A região tem sido um foco de tensões, especialmente na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.
O que aconteceu?
Na madrugada do domingo para a segunda-feira (de 25 a 26), a Rússia capturou três navios militares ucranianos que navegavam pelo Mar Negro. Os navios saíam de Odessa, da porção noroeste do mar, rumo a Mariupol, na porção nordeste. Entre as duas cidades, ambas ucranianas, está a Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014, em ação amplamente contestada pelo Ocidente.
Moscou afirma que os navios invadiram ilegalmente suas águas territoriais e não teriam obedecido às ordens para parar. Já Kiev diz que o trajeto já havia sido previamente informado aos russos. Durante a ação, houve troca de disparos de aviso entre as duas nações. Três marinheiros ucranianos ficaram feridos, mas estão fora de perigo.
A Crimeia e o estreito de Kerch
Para completar o trajeto, as embarcações necessitavam passar pelo estreito de Kerch, que conecta a península da Crimeia ao território continental russo. Desde 2014, a Crimeia se declarou independente e solicitou adesão à Federação Russa, o que ocorreu, com anuência de Moscou, no mesmo ano. O problema é que para a Ucrânia, país ao qual a península outrora pertencia, afirma que a ação foi orquestrada por russos infiltrados, o que configuraria violação da soberania nacional. A União Europeia e os Estados Unidos apoiam a Ucrânia nessa disputa, e desde então impõem sanções à Rùssia devido à anexação.
Apesar das sanções, a Rússia não diminuiu sua atuação na região. Pelo contrário: ainda esse ano, foi inaugurada uma ponte que liga a Crimeia à Rússia continental, considerada a maior ponte da Europa.
O estreito é importante pois dá acesso ao Mar de Azov, onde se encontram importantes indústrias ucranianas. Porém, desde 2014 ele é controlado pela Rússia dos dois lados. Há acordos entre os dois países para a livre navegação no estreito, mas forças russas costumam realizar inspeções em todas as embarcações ucranianas, o que prejudica o comércio na região.
Além disso, na porção oriental da Ucrânia, especialmente na fronteira com a Rússia, repetem-se os mesmos movimentos de insurgência que ocorreram na Crimeia: rebeldes pró-russos entram em conflito com o governo ucraniano, o que aumenta a instabilidade na região.
As consequências do apresamento
Diante do ocorrido, o governo ucraniano aprovou a lei marcial no país, com vigência de 30 dias. A medida causa polêmica, pois poderia provocar restrições em direitos da população, como o de associação, por exemplo. Também se questiona se não haveria a intenção de influenciar as eleições previstas para o país em março de 2019. Em contrapartida, o governo garante que não há intenções de prorrogar o estado de exceção.
O estreito já foi reaberto para circulação, mas o governo russo manteve retidas as três embarcações. Ambos os países se acusam mutuamente de violarem a Convenção de Montego Bay sobre o Direito do Mar, tratado do qual ambos são partes. Diante da perspectiva de escalada, líderes mundiais, como a chanceler alemã Angela Merkel, pediram que os dois países encontrassem uma solução negociada e pacífica.
Ainda é cedo para afirmar se o apresamento será um episódio isolado ou abrirá espaço para novos conflitos na região, mas é certo que o potencial de tensões no Mar Negro segue bastante alto.
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