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Economia
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A Inflação e os Planos Econômicos no Brasil: Uma Linha do Tempo Pós-1985
Conteúdo postado em 03/02/2025
A história econômica do Brasil pós-1985 é marcada pelo desafio de conter a inflação, que atingiu patamares alarmantes e exigiu uma série de planos econômicos para estabilizar a economia.
Durante a redemocratização, o país enfrentou taxas inflacionárias que ultrapassavam os 200% ao ano, impulsionadas por um contexto de indexação de preços e expectativas de reajuste constante.
Diante desse cenário, governos sucessivos implementaram estratégias diversas, algumas mais ortodoxas, outras mais heterodoxas, para combater o problema. Vamos revisar esse assunto super cobrado em prova?
A Origem da Inflação Inercial
O principal debate econômico do período girava em torno da natureza da inflação. Enquanto a teoria econômica tradicional relacionava o aumento de preços ao crescimento da demanda, a inflação persistiu mesmo em momentos de baixo crescimento econômico. Assim, surgiu o conceito de inflação inercial, que explicava o fenômeno como resultado da realimentação dos preços, onde expectativas inflacionárias levavam a reajustes constantes e independentes das condições de mercado.
A inflação inercial foi um dos principais desafios para os planos econômicos brasileiros, pois dificultava o controle da inflação por meio de medidas convencionais, exigindo soluções inovadoras e, muitas vezes, radicais.
Os Planos Econômicos e suas medidas
Plano Cruzado (1986)
Implementado no governo Sarney, o Plano Cruzado foi a primeira tentativa de combater a inflação inercial. Ele trouxe medidas como:
- Nova moeda: introdução do Cruzado, substituindo o Cruzeiro.
- Congelamento de preços e salários: para impedir reajustes baseados na inflação passada.
- Fim da indexação econômica: eliminação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), substituídas por títulos com valores fixos.
- Gatilho salarial: reajuste automático caso a inflação chegasse a 20%.
Inicialmente, o plano reduziu drasticamente a inflação e estimulou o consumo, mas levou à escassez de produtos devido ao congelamento de preços. Como resposta, o governo lançou o Plano Cruzado II, que aumentou impostos e reajustou alguns preços, mas não conseguiu conter a inflação. O fracasso levou à moratória da dívida externa em 1987.
Plano Bresser (1987)
O Plano Bresser, sob a liderança do Ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, adotou uma abordagem mista, reconhecendo tanto a inflação inercial quanto a inflação de demanda. Suas principais medidas incluíram:
- Novo congelamento de preços, mas com flexibilizações.
- Correção salarial com base na Unidade de Referência de Preços (URP).
- Microdesvalorizações cambiais para manter competitividade nas exportações.
- Política fiscal e monetária contracionista, reduzindo gastos do governo.
A inflação continuou a subir, levando a novos diagnósticos e mudanças de estratégia.
Plano Verão (1989)
Diante do fracasso do Plano Bresser, foi lançado o Plano Verão, que:
- Extinguiu todas as formas de indexação.
- Congelou preços e salários de forma indefinida.
- Criou uma nova moeda, o Cruzado Novo.
- Restringiu crédito e reduziu despesas do governo.
O plano teve vida curta e foi incapaz de conter a inflação, que superou os 1.000% ao ano.
Plano Collor (1990)
O primeiro presidente eleito diretamente assumiu o cargo em meio a uma turbulência econômica e lançou o Plano Collor, que:
- Bloqueou ativos financeiros, restringindo saques bancários.
- Reintroduziu o Cruzeiro como moeda.
- Extinguiu indexação e reduziu despesas públicas.
- Adotou privatizações e abertura econômica.
Embora tenha reduzido a inflação inicialmente, o plano enfrentou forte resistência e foi impactado pela crise política que culminou no impeachment de Collor.
Plano Real (1994)
Sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real finalmente conseguiu estabilizar a economia. Suas principais medidas incluíram:
- Criação da Unidade Real de Valor (URV) como referência monetária transitória.
- Introdução do Real como nova moeda.
- Disciplina fiscal e responsabilidade monetária.
- Abertura comercial e controle cambial.
O Plano Real conseguiu reduzir a inflação de forma sustentável e consolidou uma nova fase na economia brasileira.
O legado dos Planos Econômicos
Os planos econômicos pós-1985 trouxeram avanços e desafios. Embora muitos tenham falhado, todos contribuíram para o desenvolvimento das estratégias que levaram ao sucesso do Plano Real.
Por que esse tema é essencial para o CACD?
Uma das perguntas recorrentes nas provas do CACD diz respeito à classificação dos planos econômicos entre ortodoxos e heterodoxos, e essa classificação decorre do diagnóstico da inflação, se ela tinha uma característica inercial ou não. Para ficar fácil para você, basta gravar os poucos que foram ortodoxos: o plano arroz com feijão, ou Choque Ortodoxo, que ocorreu em 1988 é o que precisa ser lembrado como a exceção.
Saiba: o histórico dos planos econômicos é recorrente no CACD, refletindo as políticas públicas adotadas pelo Brasil. Compreender a inflação inercial, os efeitos dos congelamentos de preços e as estratégias de estabilização permite uma análise crítica essencial para provas objetivas e discursivas.
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