Economia
Dicionário de economia para o CACD: consequências do fim do padrão dólar-ouro
Conteúdo postado em 22/02/2022
Olá, sapientes!
Vamos falar um pouco sobre o que aconteceu nas economias com o fim do lastreamento das moedas. Mas, antes de começarmos, que tal uma breve contextualização dos antecedentes desse rompimento?
Desde o Congresso de Viena de 1815 até o início da Primeira Guerra Mundial, a economia global esteve principalmente baseada no padrão-ouro. Isso significa que o valor da moeda de cada país correspondia às suas reservas em ouro (uma espécie de “câmbio fixo”, mas dependente do acúmulo de ouro). O Brasil, por exemplo, tentou seguir o padrão-ouro durante o Segundo Reinado e no início da Primeira República, mas o desrespeitou em diversos momentos, por conta de desequilíbrios provocados pelas importações e exportações.
A coisa saiu do controle com a primeira guerra sistêmica. A começar pelas potências, os países abandonaram unilateralmente o padrão monetário para financiar os gastos de guerra com o emissionismo. Já no entre guerras, os EUA, o Reino Unido e a França até tentaram endossar o padrão-ouro e apoiar readoção internacional desse padrão internacionalmente, mas sem grandes resultados.
A Conferência de Bretton Woods
Para lidar com isso e gerar maior regulação do sistema internacional, em 1944 foi convocada a Conferência de Bretton Woods, que estabeleceu um novo sistema de lastreamento das moedas, o padrão dólar-ouro. Os países começaram a transferir seu ouro para o Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, e organizar suas reservas em dólar, facilitando, assim, o desenvolvimento do sistema financeiro e a intensificação das trocas comerciais.
Fim do padrão ouro-dólar
No entanto, esse não seria um sistema que duraria muito tempo… Em 1971, o presidente dos Estados Unidos Richard Nixon anunciou o fim do padrão ouro-dólar, encerrando o sistema monetário internacional. Naquele momento, muitos acreditaram que a decisão do presidente norte-americano era um sinal da perda de poder da potência americana e que logo o dólar deixaria de ser a moeda internacional, como a libra havia deixado de ser, algumas décadas antes.
Não poderiam estar mais errados… Novas moedas, como o euro e o yuan, podem até vir a substituir o dólar algum dia (e elas têm ganhado maior representatividade no comércio mundial nos últimos anos), mas o dólar continua sendo a moeda com maior credibilidade.
A gente pode, sim, afirmar que a causa imediata do fim do sistema de Bretton Woods foi a grande especulação que houve contra o dólar pouco tempo antes. Sem deixar de lado que, com o aumento da liquidez do dólar, os EUA perderam credibilidade. Os Estados não tinham mais tanta confiança de que o FED poderia manter a conversibilidade da sua moeda em ouro e, tomados pelo medo de uma nova “grande depressão”, muitos países ameaçavam trocar suas reservas em dólar por ouro (a começar pela França). Se todos retirassem o lastro do dólar (ouro) dos Estados Unidos ao mesmo tempo, a economia americana iria quebrar.
Ainda assim, documentos oficiais do Federal Reserve provam que as autoridades monetárias dos Estados Unidos já vinham discutindo o fim do lastreamento desde, pelo menos, 1969, esperando apenas uma desculpa política para descumprir o compromisso de Bretton Woods.
Mas, afinal, que diferença fez as moedas pararem de ter um lastro?
Na prática, a mudança foi mais psicológica. O dólar continuou sendo a principal reserva de valor. Até porque, se um papel com um número desenhado tem valor, é porque a gente decidiu acreditar nesse valor e não por conta de um lastro…
O rompimento, na verdade, representou a passagem do sistema do dólar fixo para o dólar flexível. Em outras palavras, os países continuaram baseando suas moedas no dólar, já que era mais simples só manter o dólar como moeda internacional para transações internacionais do que simplesmente abandonar essas reservas. A diferença agora é que o dólar passou a flutuar a depender de fatores internos e externos dos Estados Unidos e o ouro saiu da jogada.
Logo após a mudança, os fluxos de capitais foram inteiramente liberados e os câmbios tornaram-se livres. A partir daí, a taxa de câmbio passou a ser usada como um instrumento para regular a influência da moeda na economia e equilibrar as contas públicas.
Também passaram a ser desenvolvidas estratégias para lidar com a nova instabilidade nas paridades das moedas. Como é o caso dos derivativos, uma espécie de contrato privado de seguro. Consequentemente, surgiu uma nova organização para o sistema financeiro, que, acompanhado de inovações tecnológicas e as mudanças de padrões de concorrência, passou a ter cada vez mais volume de ativos financeiros, com alavancagem atingindo níveis impensáveis até então.
Atualmente, toda a economia mundial está interconectada e é baseada na revolução da informática e das comunicações. Apesar disso gerar maior risco de contaminação de crises, a estabilidade promovida pelo lastreamento em dólar-ouro não é mais possível. O sistema financeiro e comercial transformou-se em algo muito complexo para ser regulado por velhos sistemas. Mesmo assim, a cooperação na OMC tem o potencial de regular esse sistema com salvaguardas mais adequadas para a nova realidade internacional.
No final das contas, percebeu-se que o padrão ouro não torna uma moeda mais ou menos confiável e que novas estratégias podem ser usadas para dar maior segurança ao sistema internacional.
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