Economia
Dicionário de economia para o CACD: Equivalência Ricardiana
Conteúdo postado em 15/02/2021
Olá, sapientes!
Que tal discutirmos sobre uma teoria da macroeconomia que foi proposta ainda no século XIX, pelo economista inglês David Ricardo? Bora nessa!
Para Ricardo, os governos podem até reduzir os impostos esperando que isso incentive a demanda agregada, mas nem sempre as famílias vão passar a consumir mais com a renda extra disponível. Elas podem, por exemplo, perceber que a situação não é sustentável e resolver poupar, na espera por um aumento da carga tributária no futuro. O economista reforça que se a redução dos tributos não for acompanhada de uma redução dos gastos públicos ou se esses gastos forem superiores à arrecadação, o governo vai desenvolver um déficit, ou seja, vai se endividar. E a consequência desse endividamento não poderia ser outra além da desconfiança dos consumidores e investidores, e a diminuição da demanda agregada.
O mesmo vai acontecer se o governo reduzir os impostos devido a financiamentos de longo prazo. Nesse caso, o consumo das famílias pode aumentar em um primeiro momento, mas, ao longo do tempo, a preocupação com a dívida que as gerações futuras terão de lidar vai aumentar, gerando aquelas mesmas consequências para o consumo e o investimento. Dessa forma, a teoria de David Ricardo defende que cortes nos impostos somente afetarão positivamente o consumo se forem acompanhados pela diminuição nos gastos do governo. Assim, a teoria da equivalência ricardiana expressa que aumentos nos gastos do governo e cortes na carga tributária não são capazes de garantir o desenvolvimento no longo prazo.
Problemas com o conceito da equivalência ricardiana
No entanto, o conceito da equivalência ricardiana não é generalizadamente aceito pelos economistas (da mesma forma que a maior parte das teorias macroeconômicas…). A equivalência ricardiana é considerada parte da teoria clássica, que tem pressupostos opostos aos da teoria keynesiana. Assim, os críticos de David Ricardo, principalmente os defensores do keynesianismo, têm uma visão um pouco diferente da sociedade ou, melhor dizendo, uma interpretação mais adequada a outros tipos de sociedade.
Os keynesianos, por exemplo, defendem que um aumento dos gastos públicos geralmente impacta positivamente a demanda agregada e aquece a economia. Diferentemente dos preceitos da equivalência ricardiana, aqui defende-se que as pessoas, muitas vezes, não agem racionalmente - muita gente, por exemplo, não se preocupa nem com a chegada do boleto do cartão de crédito, o que dirá de economizar pensando nas gerações futuras que terão que pagar pelo endividamento do governo, não é mesmo?
Em conclusão, a teoria da equivalência, mesmo com as críticas, é de grande importância por demonstrar que os governos não podem tomar decisões de aumentar os seus gastos ou alterar a carga tributária sem levar em conta as expectativas e reações da sociedade.
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Até a próxima!