O G20 e a presidência brasileira

Olá, Sapiente!

No dia 1º de dezembro de 2023, o Brasil assumirá a presidência de turno do G20 pelo período de um ano.

Foro global de diálogo e coordenação sobre temas econômicos, sociais, de desenvolvimento e de cooperação internacional, o G20 desempenha função primordial na formação da arquitetura do sistema internacional. Nesse sentido, o tema de hoje será focado em uma revisão sobre o que agora é o principal fórum de cooperação econômica internacional. 

G20 Financeiro X G20 Comercial

O primeiro ponto para ter em mente diz respeito à diferença entre o G20 Financeiro e o G20 Comercial. O G20 Comercial compreende o grupo formado para negociações na Rodada Doha, enquanto o G20 Financeiro é um fórum econômico que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia. O foco da postagem é no G20 financeiro, que foi fundado em 1999 após crises financeiras da década de 1990.

Os anos de 1990 assistiram a uma série de episódios de desequilíbrio econômico. Essas crises em mercados emergentes evidenciaram os sérios efeitos de transbordamento (spillover effect) nos mercados desenvolvidos. Ficou claro que países como México, Tailândia e Rússia não poderiam mais estar longe das discussões internacionais sobre economia. Em 1999, o G20 foi fundado como um fórum para os Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais com o intuito, portanto, de debater questões econômicas e financeiras globais. O grupo dispõe de 90% do PIB mundial, 80% do comércio e ⅔ da população mundial. 

Em 2008, diante da grande crise financeira que assolou o mundo, o G20 foi elevado ao nível de Chefes de Estado/Governo. Os bancos norte-americanos ofereciam os chamados “créditos subprime”, os quais não possuíam boa qualidade e eram oferecidos aos “NINJAS”(no income, no job, no assets) - isto é, a pessoas sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito. A partir de 2007, ocorreu um número imenso de inadimplência, o que levou à crise do crédito hipotecário e à consequente desconfiança geral no próprio sistema financeiro. Ficou evidente, portanto, a fragilidade na supervisão do mercado financeiro. Diante da quebra do banco Lehman Brothers e o consequente efeito dominó de falências ao redor do mundo, o G20 passou a ser compreendido como o principal espaço de cooperação e debate sobre a economia internacional. 

Reforma das Instituições Financeiras

Um dos temas mais recorrentes quando se fala em G20 diz respeito à reforma das instituições financeiras. Com a Crise de 2008, o G20 indicou a importância de se efetuar mudanças na missão e na governança de instituições tradicionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), de forma a refletir as alterações que vinham ocorrendo na economia mundial. Tornou-se inegável que os países emergentes passaram a presenciar um aumento de seus PIBs, assim como precisariam ter direito à representatividade e à legitimidade.

Quanto ao funcionamento do G20, ele é composto por presidências anuais rotativas no que se instituiu chamar de “sistema de Troika”. Basicamente, a Troika consiste na presidência do ano anterior e do ano posterior, além da atual presidência. Cumpre notar que o G20 não dispõe de uma sede, de tal forma que as reuniões principais ocorrem, de forma presencial, em cidades do país que as presidem. É comum também que haja as chamadas “reuniões de primaveras”, que são aquelas que ocorrem às margens das Reuniões do FMI e do BIRD. 

Para o CACD, é importante você entender essa parte histórica do G20, mas é necessário acompanhar o desenrolar das reuniões. Como o Brasil, juntamente com a Indonésia e com a Índia, faz parte da Troika atual, é ainda mais recomendado esse acompanhamento.

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Até a próxima!