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O papel dos EUA na Política Externa do Brasil na Primeira República

O papel dos EUA na Política Externa do Brasil na Primeira República

Conteúdo postado em 09/02/2023

Olá, Sapiente!

 

Que tal revisarmos um tema corriqueiro no CACD? Pois bem, hoje vamos falar sobre a Política Externa do Brasil durante a Primeira República, em especial, as relações com os EUA.

 

Proclamada em 1889, a República Brasileira trouxe implicações importantes para a diplomacia do País: reacenderam-se os debates sobre qual deveria ser a orientação externa do Brasil. Muito desse debate explica-se pela ascensão dos Estados Unidos da América (EUA) como ator global, o que ficaria especialmente evidente após a Primeira Guerra Mundial. Cumpre notar que dois eventos são emblemáticos para situar a emergência dos EUA como potência mundial: I) a mediação do Presidente Theodore Roosevelt para pôr fim à guerra russo-japonesa; II) e a participação americana na Conferência de Algeciras sobre o incidente de Agadir, no Marrocos, entre a França e a Alemanha.

 

Ainda que, no período imperial, as relações com os vizinhos e com os Estados Unidos fossem cordiais, elas também eram marcadas por algum grau de desconfiança - o que ficou evidente, por exemplo, pelas orientações do governo imperial à delegação brasileira na I Conferência dos Países Americanos. Vale notar que a Proclamação da República ampliou a identificação entre o Brasil e as repúblicas vizinhas, o que provocou uma onda americanista entre intelectuais e políticos brasileiros. No entanto, controvérsias surgiram entre os vizinhos com relação aos Estados Unidos: essa desconfiança dos países vizinhos perante os EUA respingou sobre o Brasil.

 

Joaquim Nabuco e o Barão do Rio Branco foram dois importantes expoentes da diplomacia à época. Nabuco traçou duas estratégias distintas em relação aos EUA ao longo de sua carreira. A princípio, devido ao tempo em que passou na Inglaterra, defendeu o alinhamento da política externa brasileira às potências europeias; considerava a monarquia como melhor forma de governo, o que o faria desconfiar de países como os Estados Unidos e as repúblicas latino-americanas. Após a Proclamação da República no Brasil e sua indicação para posto de representação brasileira em Washington, Nabuco tornou-se um americanista convicto, o que, por vezes, até chegou a conflitar com o Barão. A Conferência Pan-Americana de 1906, no Rio de Janeiro, foi uma das ocasiões, por exemplo, em que o discurso elogioso do Barão do Rio Branco às nações europeias criou atritos entre os dois diplomatas. 

 

No que concerne ao Barão do Rio Branco, ele buscou desenvolver, desde o início da sua gestão como Ministro das Relações Exteriores, uma estratégia pragmática de aproximação com os EUA. A diplomacia do Barão do Rio Branco era muito marcada pela tentativa de proteger o Brasil da ameaça imperialista europeia, assim como de ampliar seus recursos de poder no relacionamento simétrico entre os países vizinhos. Desse modo, o Brasil apoiaria os EUA sempre que isso não ferisse os interesses nacionais, como quando rejeitou a Doutrina Drago (formulada pelo chanceler argentino para condenar o uso de forças no caso de dívidas); no entanto, poderia contrariar os EUA caso o interesse nacional o demandasse. A 2ª Conferência de Haia é emblemática nesse sentido de mostrar as controvérsias entre o Brasil e os EUA. Nesse contexto, Rio Branco esforçou-se para evitar que contenciosos específicos contaminassem o relacionamento brasileiro-estadunidense - ciente de que o apoio estadunidense poderia ser estratégico em disputas com outros países, como, de fato, ocorrera com o arbitramento de Palmas.

 

Com isso, nos seus estudos sobre a política externa da Primeira República, tenha em vista sempre o que os Estados Unidos e os países da América do Sul representavam nos tabuleiros diplomáticos ou nos pensamentos diplomáticos do Barão do Rio Branco e de Nabuco - cada qual americanista à sua maneira. 

 

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Até a próxima!

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