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Revolução de 1930

Revolução de 1930

Conteúdo postado em 20/10/2017

A chegada de Getúlio Vargas ao poder por meio da Revolução de 1930 ocorreu a partir da cisão entre as oligarquias que dominavam a política nacional durante a Primeira República e da insatisfação da baixa oficialidade com projeto oligárquico instaurado no país durante esse período. Influenciados pelo contexto econômico negativo, decorrente da Crise de 1929, oligarquias dissidentes lançaram a candidatura de Vargas contra o candidato governista, Júlio Prestes. Apesar da derrota de Vargas, as elites políticas que o apoiaram acabam participando do golpe contra Prestes orquestrado pelos tenentistas e que contou com a participação da alta oficialidade, temerosa por um levante dos tenentistas contra o governo.

 

A indicação de Júlio Prestes como candidato governista pelo presidente Washington Luís (1926-1930) levou a uma cisão entre as oligarquias dominantes na política nacional. Prestes, assim como Washington Luís, vinha do Partido Republicano Paulista (PRP), uma das maiores forças políticas da Primeira República. A indicação de novo paulista ia de encontro ao Pacto de Ouro Fino, acordo de alternância entre São Paulo e Minas Gerais no Executivo federal, instituído como forma de impedir a ascensão de uma liderança contrária aos interesses oligárquicos, como havia ocorrido com a presidência do militar Hermes da Fonseca.

 

A escolha de Washington Luís foi justificada com base na necessidade de continuidade das políticas econômicas implementadas pelo presidente para conter os efeitos da Crise de 1929, que havia derrubado o preço do café, principal produto da pauta de exportação, mas que ainda não tinham surtido os efeitos desejados.

 

A cisão entre São Paulo e Minas Gerais levou a eleições realmente disputadas, algo não comum no contexto da Primeira República, visto que, em situações de acordo entre as oligarquias, as eleições eram simplesmente mecanismos de confirmação das escolhas das elites. O processo eleitoral do período, conhecido como política dos governadores, garantia a governabilidade do governo federal pela aliança com as lideranças estaduais e destas com as lideranças locais.

 

Com a indicação de Prestes, o Partido Republicano Mineiro decide lançar um candidato de oposição e vê em Getúlio Vargas a possibilidade de alcançar a vitória eleitoral, devido ao tamanho do eleitorado do Rio Grande do Sul e ao perfil político de Vargas. A oposição busca também o apoio do Partido Democrático, uma dissidência do PRP criada na década de 1920, e do Partido Republicano da Paraíba, de onde é escolhido o candidato à vice-presidente da chapa de Vargas, João Pessoa. Formava-se, assim, a Aliança Liberal.

 

A Aliança Liberal contou com o apoio de parte do movimento tenentista, que se opunha a Prestes por entender que ele seria a continuação do projeto oligárquico dominante até então na política do país. Os tenentes eram oficiais de baixa patente que entendiam ter o dever de atuar na cena pública nacional para além das questões da corporação militar em defesa da nação.

 

Apesar de terem uma agenda difusa de objetivos concretos, os tenentes já haviam promovido levantes de relevo, como a Coluna Prestes, contra a presidência de Arthur Bernardes. O líder desse movimento, Luis Carlos Prestes, entretanto, recusou-se a apoiar Vargas, devido à ligação de Vargas com as oligarquias, considerando-o “mais do mesmo.” Os tenentes que apoiaram a Aliança Liberal viam em Vargas, um militar, o candidato que poderia avançar as demandas tenentistas de moralização da república e modernização das Forças Armas.

 

Apesar da força política representada pela Aliança Liberal, ela não foi o suficiente para vencer a máquina pública. Prestes venceu as eleições mesmo com acusações de fraudes generalizadas de ambos os lados, algo não incomum ao período. Ao lançar sua candidatura, Vargas havia acordado com Washington Luís que, em caso de derrota, aceitaria os resultados. Seria uma maneira de resguardar sua carreira política futura. A Aliança Liberal, então, estava pronta para aceitar o resultado, porém os tenentes recusaram-se a aceitar a derrota e começaram a se mobilizar para evitar a posse de Prestes.

 

As lideranças políticas da coligação estavam receosas em apoiar um golpe contra o presidente-eleito, mesmo com a pressão dos tenentistas. Um grupo da Aliança Liberal, entretanto, passa a defender essa ideia, pensando na possiblidade de reforma do sistema político vigente, entre eles nomes como Oswaldo Aranha e João Neves da Fontoura. Esses políticos ficaram conhecidos como tenentes-civis e foram importantes nomes do governo de Vargas.

O estopim para o golpe ocorreu com o assassinato de João Pessoa, vice de Vargas na chapa derrotada. Apesar da morte ter sido causada por questões pessoais, o enterro de João Pessoa levou à comoção popular e à aceitação, por membros reticentes da Aliança Liberal, da viabilidade do golpe. Com a pressão dos tenentes e de setores da Aliança Liberal, a alta oficialidade passou a temer uma possível guerra civil de grandes proporções, o que levou à adesão de parte da cúpula militar ao levante. Um trio de militares de alta patente assume o comando do país, após cercar o palácio Guanabara e impedir a posse de Prestes, posteriormente passando o poder a Getúlio Vargas, ato que marcou o fim da Primeira República.

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