Sugestão de Leitura
Sugestão de leitura para o CACD: Paulo Leminski
Conteúdo postado em 07/02/2020
Olá, futuros diplomatas!
A nossa sugestão de leitura de hoje traz a poesia de Paulo Leminski. Já ouviu falar? O poeta voltou à moda há alguns anos e tem suas poesias recolhidas em várias publicações facilmente encontradas. Lemisnki também coleciona poesias individuais distribuídas gratuitamente pela internet, como no site da revista Bula.
Leminski faz parte da geração poética dos anos 1970, produtora da “poesia marginal”, que surge da necessidade de encontrar alternativas às grandes editoras (que sofriam censura e censuravam esse tipo de poesia disruptiva para a época). Os poetas dessa geração imprimiam seus livros em pequenas gráficas ou mimeógrafos, e o resultado eram livros que tinham um caráter artesanal: grampeados, costurados ou até só dobrados e colocados em envelopes.
A produção poética era vendida a pequenos valores ou simplesmente distribuída entre amigos e nas portas de bares, teatros e cinemas, ou na própria faculdade onde estudavam. A geração de 1970 não buscava alcançar prestígio intelectual, só desejava expressar livremente a identidade de seus grupos, discutindo sobre a vida imediata e usando uma linguagem coloquial, cheia de gíria e códigos de grupos.
Do modernismo ao concretismo, passando pela Tropicália, a poesia marginal incorpora influências de várias vanguardas. No caso de Paulo Leminski, características do concretismo e da linguagem publicitária são muito fortes em sua poesia, gerando “máximas” famosas, como “eu não discuto com o destino / o que pintar eu assino”.
O Brasil nos anos de chumbo
O contexto era de intensificação da repressão do regime militar. Em 1968, o Ato Institucional no5 (AI-5) havia sido aprovado pelo então presidente Costa e Silva, revogando direitos políticos, cassando mandatos e demitindo professores universitários considerados subversivos. Sem esquecer também da tortura e da censura, que já eram práticas comuns do regime desde seu início, mas que tornaram-se mais presentes nos anos 1970.
Nesse cenário, a produção poética refletia a contradição entre a tensão de uma ditadura militar e o clima de modernização e liberdade, que prevalecia não só no Brasil, mas em todo o mundo. 1970 foi a década da liberdade sexual, dos movimentos feministas, da valorização da psicanálise e da descoberta das drogas. Lemas, como o “É proibido proibir” dos manifestantes franceses, foram repetidos no Brasil por vozes como a do tropicalista Caetano Veloso.
As manifestações sociais agora não consideravam apenas o plano político, mas também o identitário e comportamental. A ideia genérica de “povo” e “nação” não era mais suficiente para essa geração. Precisavam expressar sua identidade como afro-brasileiros, homossexuais, freaks, sambistas, como participantes de culturas específicas.
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Até a próxima sugestão de leitura!